terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fartadela Jornalística


Edição do Jornal Hoje 09/08/11. Vejamos algumas notícias:

PF prende 38 pessoas do Ministério do Turismo: Isso mesmo meus queridos, depois dos escândalos envolvendo o ministro da Casa Civel, Palocci, e a incompatibilidade de seu patrimônio com a renda declarada, e posterior ao tumulto no Ministério dos Transportes devido a denúncia de um esquema de corrupção que levou a mais de 20 demissões, a bola da vez é a acusação de desvio de verbas publicas pelo Ministério do Turismo por meio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável. Dentre as 38 pessoas presas, está ninguém mais nem menos do que o segundo homem na cadeia de comando do ministério, o secretário Frederico da Costa. Deste lamaçal podemos seguir com o pensamento positivo de que se “onde há fumaça, há fogo”, pelo menos suas labaredas estão queimando visivelmente aos olhos da população.

Educadores acreditam que participação dos pais na escola evita o bullyin: Para humanizar a notícia, o relato de um menino de 11 anos que foi ESPANCADO por 14 COLEGAS em uma escola de Juazeiro da Bahia.
Neste caso é preciso evidenciar a diferença entre crime e bullyin. O que ocorreu com o menino foi um ato violento, um ataque irracional, uma ação desumana praticada por 14 pessoas contra 1 individuo. De acordo com Frank C Sacco,doutor em psicologia e autor do livro “Prevenindo o Bullyin e a Violência na Escola”, o bullyn é psicológico e verbal, quando alguém ataca, empurra é CRIME!

A cada dez minutos um idoso é agredido no Brasil: Este ano já foram contabilizados mais de 3 mil casos no país e os parentes são os maiores agressores.
Triste constatação: Vivemos em uma sociedade doente que não cuida daqueles que lhe podem transmitir a sabedoria necessária para não pisar em cima das mesmas pegadas.

Brasileira de 17 anos é eleita a mais bela adolescente do mundo: É bom saber que uma alagoana ganhou este título. Quanto a isso nada contra. Parabéns para ela!
Todavia, tendo em vista que o concurso Miss Teen Brasil concede como parte de seu prêmio R$ 20 mil em cirurgia plástica é preciso discutir esse “incentivo”. Se as mais belas ainda não estão satisfeitas com suas curvas e seu rosto em perfeição, imagine aquela adolescente que foge do padrão, alta e loira, e que de quebra ainda tem espinhas ou quilos além do que se enquadra nesta camisa de força.

Vou parar por aqui, pois ainda estou fazendo a digestão de tudo o que foi relato.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cânone Literário II - O papel da História da Literatura


Harold Bloom (1995) afirma que, hoje em dia, o cânone vincula-se de forma direta com os círculos culturais (universidade, editoras, críticos literários) responsáveis por sua subsistência e manutenção, todavia segundo a argumentação de Moreira apud Frank Kermode (1998) a formação do cânone ocorre por meio de determinados textos que conseguem manter-se em um processo critico continuado. Dentro dessa lógica, existem elementos textuais, tais como: maior ou menor relação com outros textos, grau de polivalência, boa influência do patrocinador que irá introduzi-lo na crítica e o lugar que ocupa na esfera crítica. Todas estas são características importantes para determinar o grau de interesse que o texto suscitará e por quanto tempo.

Além disso, para entendermos o motivo pelo qual determinado texto ocupa um espaço privilegiado em relação a outros só é possível, se recorrermos à história da literatura. Ela é fundamental para percebermos que quanto mais antiga a literatura, mais importante o patrimônio nacional, consequentemente mais numerosos os textos canônicos. E os “clássicos” advêm dessas nações que após legitimarem seus textos nacionais fundadores passam elas próprias a delimitar o que é necessariamente literário. “O “clássico” encarna a própria legitimidade literária, isto é, o que é reconhecido como A literatura, a partir do que serão traçados os limites do que será reconhecido como literário, o que servirá de unidade de medida especifica” (CASANOVA, 2002, p. 29).

A história literária expõe assim um sistema de exclusão, onde existe uma capital literária universal e regiões que dela dependem literariamente, além de apresentar uma tendência a consolidar modelos de interpretação segundo interesses de grupos.

Um fator que reforça esse modelo excludente de matriz e colônia literária é a centralidade da língua, ou seja, a dominação literária que uma língua pode exercer se relaciona em grau direto com número de poliglotas que a falam e os tradutores que fazem os textos circularem, assim pode-se falar de uma desigualdade literária das línguas (conf. CASANOVA, 2002).

Além de tudo que dissemos, esclarecedor é perceber, assim como Casanova (2002), que o efeito da crença literária é ocultar o princípio da dominação literária em si e que o espaço literário, centralizado, recusa-se a confessar sua situação de troca desigual, pois:

“(...) toda a dificuldade em compreender o funcionamento desse universo literário é, de fato, admitir não serem suas fronteiras, capitais, suas vias e suas formas de comunicação completamente passiveis de serem sobrepostas as do universo político e econômico” (CASANOVA, 2002, p. 25).

Como consequência desse cenário, toda interpretação adversa do consenso da capital, toda bandeira que postule algo diferente do canônico, como o de uma minoria de gênero, classe social, étnica, tende a ser rejeitada, por ser desprezada quanto à capacidade de formular conteúdos que reforcem os valores dominantes.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Cânone Literário – Conceito e Contexto


Discorrer sobre o cânone literário é sempre uma atividade controversa, aqui pretendemos apresentar rapidamente um relato sobre algumas das contradições sócio-históricas existente em sua formação. Antes de qualquer reflexão se faz necessário esclarecer o próprio conceito da palavra.

O termo cânone deriva do grego kánon e diz respeito a uma regra, modelo ou norma representada por uma obra ou um poeta. Pode significar relação ou catálogo importante, definido por autoridade reconhecida. Assim o cânone literário nada mais é do que uma seleção valorizada de livros, consequentemente impõe a exclusão de muitos outros, originando dessa escolha muitas controvérsias.

Essa lista literária, conforme Compagnon (2001) começou a se estabelecer no século XIX, ancorada no nacionalismo e no papel de herói que os escritores desempenhavam ao retratar o forte sentimento pela nação. Todavia Perrone-Moisés (1998), discorda dessa afirmação e assegura que foram os filólogos alexandrinos os primeiros a fazerem uma lista de autores literários para serem lidos em escolas de gramática.

Na linha do tempo, o cânone clássico nasce na Idade Média, juntamente com Dante e outros escolhidos, guiado pelo latim como forma de seleção do cânone nacional. O Moderno começa no Renascimento italiano, se expande por meio dos escritores subsequentes que legitimam ancestrais e pelos canonizados em um processo de reconhecimento mútuo (conf. PERRONE-MOISÉS, 1998, p. 175). Já no século XX mudanças guiam as leituras de obras canônicas de forma bastante prática, pois passa a existir uma preocupação crescente em fornecer leituras formadoras ao currículo dos jovens e instruí-los para “reconhecer” as obras de qualidade estética. Assim o cânone modernista é formado e reconhecido por especialistas de literatura e leitores que reproduzem esse padrão, mesmo sem entender o sentido de suas escolhas.

Seguindo a praticidade, atualmente, frente à limitação humana, os diversos papéis assumidos socialmente, o tempo cada vez mais escasso faz surgir e se propagar com facilidade listas de atividades fundamentais, tais como: a lista das melhores músicas, dos lugares que devem ser visitados antes de morrer, dos restaurantes que devem ser conhecidos e dessa forma os livros também devem ser hierarquizados. Segundo Harold Bloom (1995), “Quem lê tem de escolher, pois não há, literalmente, tempo suficiente para ler tudo, mesmo que não se faça mais nada além disso.” (1995, p. 23). Todavia é preciso problematizar essa escolha e levar em consideração os aspectos que tem fundamentado a leitura do livro “A” em detrimento ao “B”. O que iremos explicar no próximo post.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Copa 2014




E depois do sorteio das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, ocorrido no sábado, e apesar dos protestos e denúncias de corrupção envolvendo Ricardo Teixeira, que não por acaso é presidente da CBF e chefe do Comitê Organizador Local da Copa (ACÚMULO DE CARGOS NUNCA VISTO EM COPAS ANTERIORES) e responsável por declarações, tais como: "Em 2014, posso fazer a maldade que for (...). E sabe o que vai acontecer? Nada, porque eu saio em 2015” o alto escalão da Fifa teve coragem de afirmar a satisfação e sucesso do evento.

Rebatendo esse clima otimista, o site da Veja divulgou hoje uma pesquisa de opinião realizada entre os dias 20 e 25 de julho, onde 1.879 pessoas de todas as regiões do país responderam a doze perguntas a respeito da Copa. O clima não é nada favorável e como eu sou do time que acredita no equivoco desse evento, pois mais de 60% das obras de estádio da Copa-2014 estão sendo bancadas pelo dinheiro PÚBLICO. Como exemplo grave, a reconstrução da Fonte Nova, em Salvador, receberá 80% de financiamento PÚBLICO.

Além disso, de acordo com a Folha de São Paulo, o governo federal decidiu que não vai mais divulgar todos os gastos com as obras e os serviços contratados para a Copa do Mundo de 2014.

Em ofício enviado ao Tribunal de Contas da União, o Ministério do Esporte avisou que a prestação de contas de novos contratos de valor estimado em R$ 10 bilhões vai depender da "CONVENIÊNCIA DO PODER EXECUTIVO". Todavia, quando se candidatou a sediar a Copa, o Brasil se comprometeu com a ampla divulgação de suas despesas com o evento, por meio do Portal da Transparência, mantido pelo governo na internet.
Agora, segundo ofício do Ministério do Esporte, o site só acompanhará contratos que JÁ TINHAM COMEÇADO A SER DIVULGADOS. A inclusão de novos gastos não é assegurada.

Tudo isso me leva a concordar com o cenário sombrio apontado pela pesquisa. Maior interesse em acompanhar os dados acesse Veja.com

terça-feira, 14 de junho de 2011

"Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"

Hoje é o meu aniversário. Não estou muito bem, não é só pelas rugas que se aproximam a passos galopantes, mas pela falta do outrora. Claro que existe uma mitificação do que aconteceu, como diz Bráulio Tavares, é a segurança dos retratos que nos faz lembrar que sobrevivemos e que foi bom, contudo e apesar de tudo.

O agora é que exaspera com suas incertezas e dificuldades. Sei que devo agradecer a Deus pela saúde, pela família, pelos amigos, pelos estudos e eu agradeço imensamente. Só não posso deixar de notar que existe uma lacuna em mim e que ela deve-se a falta das palavras de minha mãe, do colo do meu pai, do sorriso da minha princesa Samille, dos aperreios do meu irmão Vanrlei e da certeza daquela caixinha de chocolate e do abraço forte que o meu irmão William me dá nesta data especial.

Desculpem o desabafo, não queria tanta imparcialidade e subjetividade aqui, todavia era necessário dizer e assim o fiz.

P.S: Vou comemorar o dia ao som desta linda música! Acho que preciso de um vilarejo...


domingo, 12 de junho de 2011

Você sabia?



Este vídeo não é novo, foi veiculado em 2007, porém a infame realidade que ele expõe não mudou absolutamente nada, os 64% de aumento nos salários dos deputados (aprovados por ninguém mais nem menos do que eles próprios) em dezembro de 2010 comprova essa vergonha.
Não concordo com a frase de abertura: “Quando você ver um político vire as costas para ele, mas antes cuspa no chão de nojo, não cumprimente de o seu despreso”. Não só pela grafia errada, mas pela forma pouco eficiente de tratar os problemas da vida em sociedade. Precisamos debater, criticar, expor, analisar, refletir e acima de tudo fortalecer nossa consciência política, para que um dia, quem sabe no futuro dos nossos filhos, o quadro ser diverso do que compartilhamos hoje.

Obrigada Monike Feitosa, minha amiga cearense, por ter enviado o vídeo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O new journalism e o boom da literatura hispano-americana


Sei que estou em falta com o blog, mas razões existem para isso. Encontro-me em processo de mudança de Campina Grande para João Pessoa, além da reviravolta do meu projeto de mestrado, todavia segue abaixo uma parte do artigo "'Crônica de uma morte anunciada' de Gabriel García Márquez: Interfaces entre literatura e jornalismo" que irei apresentar no VII SELIMEL (Seminário Nacional sobre Ensino de Língua Materna e Estrangeira e de Literatura) na UFCG.

A segunda metade do século XIX, marcada na literatura pelo Realismo em sua tentativa de expor fielmente os fatos históricos, contrapondo-se ao subjetivismo da escola literária anterior (Romantismo) e com foco em uma postura cientifica, surge com o objetivo nítido de reproduzir fielmente o cotidiano social. Nesse contexto os romancistas da época realizavam na visão de Tom Wolfe, jornalista e PhD em literatura, um verdadeiro trabalho de repórter do seu tempo. “Os romancistas aceitavam rotineiramente a desconfortável tarefa de fazer reportagem, ‘cavando’ a realidade simplesmente para reproduzi-la direito. Isso era parte do processo de escrever romances” (WOLFE, 1973 apud LIMA, 1995, p. 140). A semelhança do que faria a reportagem mais tarde não é mera coincidência, uma vez que é deste processo que o jornalismo extrairia a melhor contribuição para a sua prática de escritura do real.

Assim é sob forte influência desse contexto que uma nova proposta narrativa, o new journalism (novo jornalismo) surge nos Estados Unidos, na década de 60. Consistindo em um texto hibrido de jornalismo e literatura. “Uma narrativa que, mesmo sendo jornalística poderia ser lida como uma novela” (BIANCHIN, 1997, p. 35). Alcançando a sua maturidade com a publicação do livro A Sangue Frio, de Truman Capote, lançado em 1966.

Em sua construção o novo jornalismo tomava de empréstimo aos romancistas do Realismo quatro técnicas: “1) narração cena por cena; 2) reprodução de diálogos; 3) ponto de vista de terceira pessoa e 4) relato das ações do dia-a-dia” (BIANCHIN, 1997, p. 35).

Enquanto isso ocorre nos Estados Unidos, em outras localidades também se processam mudanças nas formas de narrar. É o que ocorre no boom da narrativa hispano-americana que se move para o estudo da identidade nativa, em uma ideologia da América Latina preocupada em repensar a história oficial e suas vias de determinações impostas através do olhar dos centros dominantes. Almejando o rompimento com o texto tradicional, buscando a construção de uma imagem do real polivalente que exprimisse as particularidades do Novo Mundo (CHIAMPI, 2008).

Inserido neste pensamento de produção, encontramos intelectuais que começaram a sua carreira profissional como jornalistas, entre eles Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Julio Cortazar, Carlos Fuentes, José Donosco, Alejo Carpentier. E todos compartilhavam a visão de que não podiam abraçar as tendências literárias do Realismo europeu de forma homogenia, afinal elas não se ajustavam ao contexto particular de suas localidades. Dessa forma, os escritores latino-americanos romperam com o realismo tradicional e criaram o Realismo Mágico, termo entrelaçado com a noção da aparente fusão entre realidade e fantasia, em distinção marcante às narrativas européias (CHIAMPI, 2008). Eles acreditavam que a realidade latino-americana não se enquadrava no modelo europeu baseado no capitalismo racional, no desenvolvimento progressivo e linear.

Segundo Lima (1995, p.151),
(...) o boom da literatura hispano-americana dos anos 60, apresenta pelo menos um ponto em comum com o novo jornalismo: a vivacidade da linguagem, sua referência a um palpitante mundo imaginário no primeiro, a uma realidade sensualmente palpável, no segundo. Quer dizer, ambos recuperaram a capacidade do texto emocionar, ambos trabalham com arte tanto o aspecto racionalista – dito objetivo – quanto o subjetivo da realidade, apontando para a sua dualidade. O sensualismo concede aos textos, num e noutro caso, capacidade de evocação e portanto facilidade de reprodução imaginária da realidade – seja fictícia seja factual. (...). O new journalism é quente, a literatura hispano-americana do período, idem. Ambos procuram provocar o leitor para um reordenamento tanto intelectual quanto emocional.

Percorrendo as duas vertentes em um caminho singular, Gabriel García Márquez consegue seduzir o leitor, trabalhando tanto na capacidade de aflorar emoções quanto na apresentação da dualidade dos fatos extraordinários que acorrem na America Latina.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Por que não posso ser feliz?



Em uma rápida passada pelo orkut de minha grande amiga, Taíra Gama, observei novos vídeos e fui lá conferir, afinal muito do gosto dela é perfeitamente compatível com o meu. Entre vários belos vídeos (olha a aliteração), encontrei esse que reproduzo acima, ele realmente tocou a minha alma.

Não sou besta nem nada e fui conferir outras músicas do grupo. Na frenética busca encontrei várias criticas a esse vídeo e fiquei realmente pensativa. É obvio que existem divergências de gosto e isso é perfeitamente normal, já dizia Nelson Rodrigues que “toda unanimidade é burra”, todavia comentários desfavoráveis se firmaram no clima hippe e feliz do vídeo. Então, vamos lá, quer dizer que não posso assistir algo FELIZ e achar legal?

Faça-me o favor, com o mundo em notícias de jornais desta forma: Família de homem morto por policiais tem medo de voltar para casa (essa não é instituição que deveria nos proteger?). Eu quero mais é escutar algo além do forró de plástico (que começou com força total em Campina Grande, devido a proximidade do São João) e por 6 ou 7 minutos ficar anestesiada com o mantra da banda curitibana.

Agora criticas são bem-vindas quanto à letra grudenta da música e o nome (digo praticamente uma redação) pouco criativo do grupo, no mais é como diz amigos da Bahia: - “Me deixe!”

Sim...dentre as muitas paródias que a música suscitou, esta com o Rafinha Bastos é uma coisa, se você conseguir escutar a mesma letra por mais 10 ou 20 vezes, veja:

quarta-feira, 25 de maio de 2011


No momento estou pesquisando as “fronteiras contaminadas” entre jornalismo e literatura. Nesta busca recolho material rico a ser dividido com vocês, mas no momento falarei apenas de uma partícula que contempla minha investigação. O filme Capote.

Indico principalmente para aqueles interessados em jornalismo, captura de informações, busca de uma história que deve ser difundida ao mundo, artimanhas das relações humanas, enfim para quem gosta de conhecer um pouco mais sobre o próprio Homem.

Tenho certeza que após assistir ao filme, indagações se farão presentes. Afinal, por meio dele percebemos facilmente que por trás das notícias diárias, das grandes tragédias e dos fatos que marcam a nossa rotina, bem mais do aparece nas páginas do jornal deve ser explorado. Quem sabe em forma de livro ou qualquer outro suporte que não tenha como premissas básicas o rápido, aparente e efêmero.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A tristeza de um país que não prioriza a educação

Vale à pena refletir sobre estes vídeos. No primeiro a Profª Amanda Gurgel, uma voz que se levanta forte diante do caótico sistema educacional brasileiro, expõe na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, a realidade da educação não restrita a seu Estado, mas condinzente a todo o país. Com a repercussão do vídeo, fica provado mais uma vez a importância da internet como ferramenta de divulgação e fortalecimento da democracia, mesmo que ogros da comunicação ainda apontem nesse canal desconfianças apocalípticas.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

A literatura do Impensável - Crítica da Imagem Eurocêntrica


Quero compartilhar com vocês as ideias de um texto que recentemente tive contato e que me fez repensar sobre algumas coisas esquecidas e aprender muitas outras. É somente a introdução do livro “A Literatura do Impensável", de Ella Shohat e Robert Stam, mas só o peso do discurso preliminar nos faz querer devorar o livro em uma sentada.

Os autores apontam que para entendermos as representações nos meios de comunicação e as subjetividades contemporâneas, necessário se faz a consciência do legado debilitante eurocêntrico, ou seja, os traços de dominação estão presentes no nosso ângulo de visão do mundo mesmo sem percebermos e é isso que nos faz produzirmos um sentimento de superioridade nata das culturas e dos povos europeus. O texto deixa claro que “não se trata de um ataque à Europa ou aos europeus, e sim ao eurocentrismo, à tentativa de reduzir a diversidade cultural a apenas uma perspectiva paradigmática que vê a Europa como a origem única dos significados, como centro de gravidade do mundo, como “realidade” ontológica em comparação com a sombra do resto do planeta”.

De forma objetiva e com uma linguagem prazerosa vão se esclarecendo conceitos como colonialismo, imperialismo, racismo emaranhados pelos fios da História. Em rápidas palavras o discurso eurocêntrico é complexo, contraditório, historicamente instável e tem suas bases nas seguintes proposições:

1) A Europa é vista como o “motor” das mudanças históricas progressivas. A história segue uma trajetória linear em uma sequência de impérios.

2) O “Ocidente” progride naturalmente na direção das instituições democráticas (Torquemade, Mussolini e Hitler são aberrações dentro dessa lógica de amnésia histórica e legitimação seletiva).

3) As tradições democráticas não-européias são ignoradas.

4) O colonialismo, o tráfico de escravos e o imperialismo jamais são vistos como resultados fundamentais dos abusos de poder do Ocidente.

5) A produção cultural e material dos “outros” pode ser apropriada e suas conquistas negadas, enquanto o ato de apropriação que marca a antropofagia cultural européia é glorificado.

Pois é, tudo isso como informações apenas da introdução do livro, portanto vale muito à pena conferir. Segue referência bibliográfica: SHOHAT, Ella e STAM, Robert _ Crítica da imagem eurocêntrica._ Multiculturalismo e representação. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

sexta-feira, 13 de maio de 2011


O que dizer em um dia como este? Dia de paz e muito estudo, uma rotina perfeita. No cotidiano também aprendemos belas coisas. Uma delas é que a vida precisa de um ritmo que nos leve por vezes em condições de calmaria, porque afinal não é preciso um pé de guerra constante com a simplicidade das horas banais.

Paladinos de altas emoções rotineiras devem discordar de minha opinião, a injunção do pensamento é adrenalina e atitude desbravadora. Porém, aquiescer à condição de consolo e harmonia no conjunto de ações praticadas todos os dias não é uma posição conformista, mas tão somente, em algumas circunstancias uma atitude sábia.

Nesta postura nefelibata, percorrendo os caminhos de um momento estático e quase em atonia. Lanço os olhos ao que me cerca e entendo que o singular estado do que faz parte do meu quadro de vida presente, não deve servir-se da égide da resignação e sim, de um pensamento insurgente e rarefeito que me torna diverso do que fui e contrário do que sou.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Jornalistas e escritores


Estou em uma correria tremenda esta semana. Para compartilhar, tenho somente a bela metáfora do escritor e jornalista Cony (2007), comparando o jornalismo com a literatura. Para ele, o jornalista é “um peixe de aquário, exibe seu desenho, suas cores, a fosforescência que atrai o leitor. Impossível não admirar um peixe na gaiola iluminada, com água renovada diariamente. É um clown. Precisa de brilho, expressa-se num palco”.
Por sua vez, o escritor é o peixe da água profunda, vive na treva, em águas onde nem chega a luz do sol. É monstruoso, escuro, quasímodo que habita um território impenetrável. Não conhece os limites do palco. Tem o oceano para arrastar seu corpo medonho, sua fome que não escolhe o que comer.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Resumão


Sei que a promessa era contar ao longo do evento todas as novidades, todavia os dias aqui foram intensos e o cansaço não me permitiu tal atitude. Irei narrar resumidamente os debates que travamos durante o colóquio.

A conferência de abertura “O fantástico como problema de linguagem”, contou com as palavras do Prof. Dr. David Roas, da Universidad Autônoma de Barcelona. Sua discussão gravitou em torno de três eixos centrais: 1) O realismo do fantástico; 2) Limites da linguagem e 3) Existência ou não do fenômeno fantástico.

Em seguida foi apresentada uma mesa-redonda sobre: O gênero Fantástico na perspectiva do Revisionismo. Bom, Revisionismo nos estudos literários é um olhar para trás sob novo ângulo, uma mudança de perspectiva, um deslocamento da visão canônica sobre determinada narrativa. Por exemplo, foi exibida uma releitura revisionista de As mil e uma noites em “Dunyazade” de John Barth, onde as narrativas não são realizadas por Sherazade (como no cânone) e sim, por sua irmã Dunyazade e isso implica outro entrelaçado de estórias.

Uma temática também muito interessante dentro das vertentes do fantástico foi debatida pelo Profº. Álvaro Hattnher, “Zumbis e a ficção: um passeio pelas entranhas da transmidialidade”. Claro que em primeira ordem causa estranheza, todavia dentro das reflexões sobre a ambigüidade entre o natural e sobrenatural na literatura e em outras mídias, esse é um campo fértil.

Visões, panoramas, dúvidas e reflexões foram apresentadas sobre o realismo mágico/maravilhoso e depois irei detalhar a polêmica. O evento terminou com chave de ouro, com a conferência: “A literatura fantástica: alguns marcos referenciais”, da Profª. Dra. Maria Cristina Batalha. Ela fez um apanhado dos contos nacionais fantásticos e os categorizou em 7 modalidades, trabalho muito atrativo.
Minha apresentação, graças a Deus, foi um sucesso! Assim como todo o evento e já deixou saudades. A UNESP está de parabéns, juntamente com o grupo de pesquisa, organizadores e monitores por estes dias de imersão no mundo fantástico, simplesmente adorei e digo que valeu a pena!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

II Colóquio "Vertentes do Fantástico na Literatura"

Olá pessoal, depois de uma cansativa viagem, da construção de uma amizade inesperada, da tediosa e sonolenta espera no Viracopos (aeroporto de Campinas/SP), de uma crise de enxaqueca que quase fez o meu olho direito saltar da órbita e dizer sarcasticamente: - Aline, você ficará caolha para o resto da sua vida! Cheguei a São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

O objetivo é participar do II Colóquio “Vertentes do Fantástico na Literatura”, na Universidade Estadual Paulista (UNESP) “Júlio de Mesquita Filho”, que irá ocorrer nos dias 03, 04 e 05. Apresentarei a comunicação oral: “O fantástico como tema em Cem anos de Solidão, de Gabriel García Márquez”.

Estou ansiosa, pois as discussões envolvendo o vasto e complexo campo da Literatura Fantástica irá enriquecer a minha dissertação, também me sinto nervosa, afinal estou desbravando horizontes e essa tarefa nunca é dissociada do risco pelas possibilidades do desconhecido.

Maiores informações sobre o evento neste link: http://www.eventos.ibilce.unesp.br/cvfl/index.php

P.S: Agora, seguindo um bom e merecido descanso, vou assistir o final da série Heroes (uma das minhas paixões é acompanhar esse tipo de entretenimento). Amanhã conto as novidades da abertura do colóquio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ótima Novidade


Hoje tenho uma informação muito legal para compartilhar com vocês. Descobri que a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) lançou, de forma pioneira no Brasil, um portal http://www.ocw.unicamp.br/index.php que disponibiliza conteúdos dos cursos de graduação em formato digital. Por ser muito novo, somente 12 disciplinas estão disponíveis. Textos, fotos, animações, apostilas e vídeos fazem parte do material. Interessante ressaltar que o acesso é gratuito, sem necessidade de inscrição ou qualquer outro contratempo.

Tendo em vista que a Internet está consolidada como ferramenta e que o acesso no Brasil cresce, devido a facilidades como barateamento dos computadores e celulares que dão suporte a essa tecnologia, a possibilidade de centros comunitários de inclusão digital, assim como a utilização de Lan houses que hoje respondem pelo acesso de 32 milhões de pessoas, ou seja, 48% do total de brasileiros que se conectam, percebemos nesta atitude preocupação e interesse em socializar o conhecimento, além de seguir uma tendência mundial já que renomadas instituições de ensino como Harvard, MIT, Yale, Stanford abriram seus cursos a esta forma http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/04/navegue-pelos-sites-das-vinte-melhores-universidades-do-mundo/

Agora é aproveitar o que esse magnífico ciberespaço nos oferece e “cair de boca”, quero dizer, cair de mãos, olhos e ouvidos no estudo.

Este mundo moderno...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O sumiço do gato


Estava eu assistindo Tv, logo que cheguei da academia (estou em uma vidinha saudável ultimamente) e como só ligo esse aparelho para ver programas jornalísticos, dessa vez não foi diferente, assistia ao Bom Dia Brasil, da TV Globo. Aprecio a linguagem espontânea do telejornal, a informalidade nos comentários dos apresentadores, a proximidade com o cotidiano dos telespectadores.

Entre este e aquele assunto, entre a atualização do que acontece no mundo e ao meu redor, entra uma matéria com simplesmente, nada menos nada mais do que o renomado e respeitado jornalista Alexandre Garcia. Vocês devem pensar de imediato em reportagens sobre o cenário político de Brasília, na conjuntura social do país, enfim assuntos de um relevante interesse para a vida de um cidadão. Mas qual não foi a minha perplexidade diante da aberração de noticiar em um dos telejornais de maior audiência do Brasil, o sumiço de um gato do bagageiro de um avião em Brasília.


No papel de jornalista, me questiono sobre o caminho dessa notícia, porque para que a vejamos na tela ela passou por um processo de elaboração. E aí mora a grande pergunta: Qual o critério de seleção desse absurdo? Teóricos da comunicação apontam, de modo geral, que na escolha das notícias os seguintes critérios devem nortear sua divulgação, vejamos: proximidade, impacto, proeminência, consequências, interesse humano, utilidade, política editorial do veiculo de comunicação, repercussão, etc. Embora existam outros crivos de seleção, nenhum deles em minha visão justifica utilizar um espaço disputadíssimo como esse para veicular algo tão frugal.

Como telespectadora e cidadã senti-me lesada, afinal isso não irá de forma alguma acrescentar, modificar, impactar, enfim alterar minha rotina. Tenho plena ciência do sentimento de desconsolo do dano do precioso gatinho, mas faça-me um favor, vá procurar seu gato pra lá e poupe o meu precioso tempo. Confesso sentir raiva por ter gastado mais tempo comentando o sumiço deste gato, todavia era preciso desabafar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E a Visão Permanece

Recentemente e seguindo uma recomendação da minha amiga Taíra, lá da Bahia, assisti o filme nacional De pernas pro ar, dirigido por Roberto Santucci. O elenco conta com nomes como Ingrid Guimarães, Maria Paula, Bruno Garcia, dentre outros.

O papel de Ingrid Guimarães é feito com maestria. A personagem é muito carismática e acredito que toda mulher contemporânea dividida entre casa-filho-esposo-trabalho-carreira-sucesso que assista ao filme irá se identificar automaticamente. A estória é a seguinte: Alice (Ingrid Guimarães), uma executiva de 30 e poucos anos almeja, como qualquer mortal, sucesso em sua carreira profissional. Para tanto, negligencia o seu papel de mãe e esposa, afinal é realmente complicado desempenhar bem tantas funções. Cansado de ser deixado em segundo plano, o esposo (Bruno Garcia) resolve dar um tempo na relação, para complicar um pouquinho mais, ela perde o emprego em uma desastrosa apresentação. Neste momento entra em cena a personagem de Maria Paula, dona de sexy shop, juntas elas conseguem transformar a pequena loja em um grande negócio e Alice percebe que ter prazer também é um importante ingrediente para o sucesso.



Gostei muito da forma bem humorada de discutir as dificuldades do cotidiano da mulher atual, porém o probleminha do filme é que reproduz a condição subserviente imposta pela sociedade a essa mulher que precisa se dividir entre tantos papeis e ainda desempenhar de forma espetacular todos eles. A incompreensão do esposo no tocante ao novo emprego chega a irritar, porque se coloca em xeque a dignidade de uma moderna ocupação que apenas não se enquadra nos padrões da sociedade retrograda e patriarcal que ainda compartilhamos. Não acredito que o filme avance no debate, afinal a vergonha da protagonista, seu sentimento de culpa carregado ao longo do filme e o final da comédia não apontam qualquer ruptura com a representação social do papel feminino impregnado de preconceito. Em minha visão apesar da saída interessante na última cena, acredito que permanece a visão negativa da mulher que embora renuncie em favor da família, sempre consegue o que quer, mesmo que para isso seja necessário enganar e utilizar de forma calculista artifícios, artimanhas e afins.

P.S: Ulisses, você gostou da referência a representação social que eu citei? kkkk. Desculpem, só mesmo ele e eu para entender esse comentário rsrsrsr.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Fase da velha novidade



Esta é uma fase incrível! Estou (re) descobrindo os bons programas de entrevista. Hoje à noite (apesar de estar morrendo de sono, afinal eu acordei às 05h30min da madrugada) assisti Roda Viva, na Tv Cultura. Entre o netbook e a Tv, fui estabelecendo uma zona de atenção mista.
O entrevistado, a celebridade médica brasileira, o Dr. Dráuzio Varella, foi sabatinado por Marília Gabriela (MARAVILHOSA!), parceiros e convidados. Entre assuntos e assuntos, alguns realmente atraíram o meu “olhar entre - mídias”.

1º A Mulher e o Crime

Em sua grande maioria e de forma bastante resumida à aproximação da mulher com o crime ocorre da seguinte forma: Garotas na faixa de 14 anos, criadas em periferia se apaixonam e mantém relações sexuais com seus namorados. Logo em seguida engravidam e passam a conviver com o companheiro, por isso deixam de estudar e trabalhar. Engravidam novamente, com 2, 3 filhos o então “esposo” cansa da rotina e se separa, deixa a criatura com uma penca de filhos para criar. Sem estudo, sem emprego, sem qualificação e muitas vezes sem qualquer ajuda da família, qual o caminho mais fácil e rápido? Tráfico de drogas → Prisão. Para aumentar o drama a realidade dos presídios femininos é de particular crueldade.
Um número consideravelmente menor de visitas as presas são realizadas por suas famílias em relação aos presos masculinos. Isso porque nas palavras de Dráuzio: 1) A vergonha familiar é maior do que se fosse um parente homem. 2) Os companheiros desistem de vê-las mais rapidamente do que a situação em contrário.
Ele relatou o exemplo de uma mulher que visitou seu esposo por 30 anos na prisão. Apesar da reclusão, eles conseguiram compartilhar retalhos de vida.

2º Planejamento Familiar

Nas palavras do Dr. Dráuzio, o maior inimigo do planejamento familiar e do uso da camisinha, continua sendo as instituições religiosas. O discurso contra o preservativo, na minha visão, é inconseqüente e só expõe os fieis a gravidez indesejada e ao risco das doenças sexualmente transmissíveis. Esse quadro piora quando aproximamos as imposições da igreja + pequenas cidades. A vergonha de pegar camisinha nos postos de saúde, levando em consideração as fofocas de uma região provinciana, só trás por consequência Dst’s e filhos indesejados.

3º Literatura e Medicina

Muitos médicos se aproximam da literatura para expurgar suas reflexões sobre a condição humana. Dentre eles podemos citar o francês Rabelais, o americano Oliver Sacks, os brasileiros Guimarães Rosa, Pedro Nava, Moacyr Scliar (um dos autores que estou trabalhando na dissertação, afirmava que: “A literatura pode ajudar os médicos a retornar à tradição humanística da profissão”. Isso é realmente o que eles precisam), por fim o entrevistado o Dr. Dráuzio Varella que dentre outros escreveu: O médico doente, Estação Carandiru, Por um fio (este eu li e recomendo). Perguntado a respeito de sua aproximação ao mundo das letras, Dráuzio afirmou: “Escrevo por uma necessidade, porque me faz feliz escrever. Sendo médico, estou em posição de observação privilegiada das questões humanas. Daqui vejo com profundidade as relações. Como as pessoas pensam, agem e se comportam. Este é um material rico para literatura”.

Assim passei o meu finalzinho de noite. Recomendo esta entrevista, passem no Youtube quem sabe tem o vídeo do programa lá.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

“A PEDRA DO REINO” E OUTRAS PEDRAS



O “Romance d’A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-volta”, de Ariano Suassuna, retrata a personagem Quaderna no sonho de criar um Reino, no qual ele seria o Rei. A obra é rica em conhecimento popular, refrões, provérbios e suas imagens estão presentes no imaginário cultural. Mestre na arte de evocar imagens alegóricas Suassuna, através desse romance, acumula símbolos, seres e ações de diferentes origens no tempo e no espaço, fazendo dessa obra um grande mosaico de representações visuais. O romance foi adaptado para televisão e contou com a participação de Luiz Fernando Carvalho como diretor.

Muitos teóricos consideram a adaptação como uma espécie de tradução. Seguindo esse pensamento “a tradução seria definida como um processo de procura de equivalentes, ou melhor, de procura de um signo em outro sistema semiótico” (conf. DINIZ, 2005, p. 15). Podemos perceber, dentro do limite solicitado de análise, que a tradução do romance na microsérie de nome homônimo, foi extremamente feliz em recriar o mundo cheio de fantasia, sonhos e delírios através da cenografia. Além desse aspecto, podemos apontar como pontos positivos a fotografia da série que consegue expressar as festas, ritos populares, elementos místicos/religiosos de forma adequada e a sonoplastia por sua mágica em trabalhar com instrumentos musicais que também retratam esse universo.

Apesar das características positivas anteriormente citadas, não conseguimos classificar a adaptação como satisfatória. Os problemas que a série apresenta dizem respeito à forma de narrar os fatos dispostos de forma desordenada, longos silêncios, poucos diálogos e sua entediante maneira de dar seguimento a estória. Pela existência desses aspectos negativos, acreditamos que o meio televisivo foi deixado aquém do necessário no tocante aos seus aspectos peculiaridades como agilidade e clareza na mensagem, dinâmica e acima de tudo uma linguagem pertinente ao meio.

Por fim, acreditamos assim como João Batista de Brito (2006), que a chave para tradução não é até que ponto o resultado da adaptação foi diferente ou parecido com o original, traidor e submisso, autônomo ou dependente, mas se ele detém qualidade referente ao meio em que foi transposto. Esse é o grande obstáculo para uma tradução satisfatória e assim como o público no meio do caminho encontrou essa pedra levando a microsérie a baixos índices de audiência, também não conseguimos transpor essa barreira.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Fugacidade


"Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo
uma ária com a flauta. 'Para que lhe servirá?', perguntaram-lhe.
'Para aprender esta ária antes de morrer' ".

Cioran - Pensador