segunda-feira, 11 de abril de 2011

“A PEDRA DO REINO” E OUTRAS PEDRAS



O “Romance d’A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-volta”, de Ariano Suassuna, retrata a personagem Quaderna no sonho de criar um Reino, no qual ele seria o Rei. A obra é rica em conhecimento popular, refrões, provérbios e suas imagens estão presentes no imaginário cultural. Mestre na arte de evocar imagens alegóricas Suassuna, através desse romance, acumula símbolos, seres e ações de diferentes origens no tempo e no espaço, fazendo dessa obra um grande mosaico de representações visuais. O romance foi adaptado para televisão e contou com a participação de Luiz Fernando Carvalho como diretor.

Muitos teóricos consideram a adaptação como uma espécie de tradução. Seguindo esse pensamento “a tradução seria definida como um processo de procura de equivalentes, ou melhor, de procura de um signo em outro sistema semiótico” (conf. DINIZ, 2005, p. 15). Podemos perceber, dentro do limite solicitado de análise, que a tradução do romance na microsérie de nome homônimo, foi extremamente feliz em recriar o mundo cheio de fantasia, sonhos e delírios através da cenografia. Além desse aspecto, podemos apontar como pontos positivos a fotografia da série que consegue expressar as festas, ritos populares, elementos místicos/religiosos de forma adequada e a sonoplastia por sua mágica em trabalhar com instrumentos musicais que também retratam esse universo.

Apesar das características positivas anteriormente citadas, não conseguimos classificar a adaptação como satisfatória. Os problemas que a série apresenta dizem respeito à forma de narrar os fatos dispostos de forma desordenada, longos silêncios, poucos diálogos e sua entediante maneira de dar seguimento a estória. Pela existência desses aspectos negativos, acreditamos que o meio televisivo foi deixado aquém do necessário no tocante aos seus aspectos peculiaridades como agilidade e clareza na mensagem, dinâmica e acima de tudo uma linguagem pertinente ao meio.

Por fim, acreditamos assim como João Batista de Brito (2006), que a chave para tradução não é até que ponto o resultado da adaptação foi diferente ou parecido com o original, traidor e submisso, autônomo ou dependente, mas se ele detém qualidade referente ao meio em que foi transposto. Esse é o grande obstáculo para uma tradução satisfatória e assim como o público no meio do caminho encontrou essa pedra levando a microsérie a baixos índices de audiência, também não conseguimos transpor essa barreira.

Um comentário:

  1. Ruim porém muito bom. ruim, pq o público esperava mais um auto da compadecida, maravilhoso na elaboração, se utilizando de uma estética toda presente no teatro, q carrega um belo insuperável, mesmo para a mídia televisiva a exemplo de "hoje é dia de maria". Bem mais ou menos pelo autor, q vale salientar, é muito bom, mas q adora uns plágios da vida, principalmente pra ele, q se ufana do seu regionalismo, eu poderia até dizer que quaderna é personagem de Cervantes, como João Grilo é português, mas com artimanhas bem regionais lida em qualquer cordel local, ou nas folcloricas historias do astuto "camonge" talvez esse nome seja referente a Camões (eu acho). Uma mulher vestida de sol, seria Julieta? bom dxa pra lá, Ariano é bom, mas se eu fosse ele eu dava as referencias de sua criação, assim como faz Machado pra descrever Dom Casmurro, introduz fazendo alusão à Otelo.

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