sexta-feira, 27 de março de 2009

The Strangers / Os Estranhos

Direção: Bryan Bertino
Elenco: Liv Tyler, Scott Speedman, Glenn Howerton
Ano de lançamento: 2008
Duração: 85 minutos

Preciso confessar algo: - Adoro filmes de terror e suspense, muito embora a mão do companheiro (a) ao meu lado fique um pouco dolorida (é que falto esmagar todos os dedinhos com os meus apertões :(). Passada essa declaração vamos ao filme.
A escolha de “Os Estranhos” deve-se a ocorrência de ser “inspirado em fatos reais” (você quer isca melhor que essa?): o assassinato ocorrido na casa da família Hoyt em 11 de fevereiro de 2005 (há quem pregue por aí que esse crime não ocorreu e é bom lembrar que INSPIRADO em fatos reais, não quer mesmo apontar como realidade fidedigna).
Infelizmente a minha escolha dessa vez não foi acertada. O filme não surpreende em nenhum momento, não há uma história, fica a impressão de uma crítica sobre a violência de forma sem sentido. Usando o velho clichê das máscaras e de um isolado cenário o enredo vai se desenrolando, partindo de ponto algum para chegar a nenhum lugar.
Uma curiosidade a respeito do filme é que ele também foi inspirado em uma passagem da vida do diretor que, quando criança presenciou uma moça batendo à porta de sua casa em plena madrugada à procura de alguém que não existia, no dia seguinte, várias casas vizinhas haviam sido depredadas, exceto a dele. Outro interessante dado é que a protagonista, Liv Tyler, declarou que o final original possuía mais interação e diálogos entre as vítimas e os vilões, os trechos foram cortados do roteiro com o objetivo de manter o enigma a respeito dos vilãos (quem sabe se a escolha em contrario não teria salvado o filme?!).
Em resumo, não recomendo. Se você assistir, por favor, deixe o seu comentário. “Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria”.

domingo, 22 de março de 2009

Inês é morta

Gafe todo mundo comete, mas quando elas são causadas por líderes políticos o que poderia ser resolvido com um simples pedido de desculpas, pode se transformar em uma crise de imagem. O último político assombrado por essa bruxa foi nada mais, nada menos, do que o presidente norte-americano Barack Obama.
No programa humorístico “The Tonight Show”, Obama deu a mancada de comparar sua habilidade como jogador de boliche à de participantes das Olimpíadas Especiais, para portadores de deficiências mentais, físicas ou visuais. Essa gafe o deixou em maus lençóis. Logo depois do programa Obama se retratou. O presidente dos jogos Paraolímpicos, Tim Shiver, disse que o incidente deve levar as pessoas à reflexão de que as palavras causam dores e resultam em estereótipos. Para se redimir da afirmação infeliz além do pedido de desculpas, o presidente convidou os atletas deficiente a irem jogar uma partida de boliche ou de basquete na Casa Branca (interessante “jogada”).
Aproveito para ressaltar que o privilégio das palavras fora de hora, confusas e que trazem saia justa não é dádiva apenas dos ianques. A seguir uma pequena amostragem das gafes clássicas dos (ex) representantes do nosso Brasil.

1. Lula



2. Marta Suplicy



3. Maluf

sexta-feira, 20 de março de 2009

Educar – Comunicar - Globalizar



Para que o cidadão comum possa preservar a sua cultura local, decodificar os conteúdos, compreender os silêncios, preencher as lacunas, ter consciência da espetacularização e saturação dos fatos explorados pela mídia é imprescindível a leitura crítica e educação para estes meios de comunicação. Na perspectiva da comunicação dentro do mundo globalizado, a única via possível é a educação. Somente através desta habilidade o cidadão deixará o seu papel de receptor passivo dos meios e assumirá uma postura ativa e criticamente aguçada para receber as informações que lhes são transmitidas.
A Leitura Crítica da Comunicação (LCC) começou a ser exercida tendo em vista os produtos midiáticos, artísticos e culturais. Ela é fundamentada na metodologia da recepção, onde aquele que obtém as informações também é agente ativo dos processos que acontecem ao seu redor.
Outra proposta interessante além da LCC é a educomunicação que visa compreender as relações entre a Comunicação e a Educação, além de educar para mídia. Este campo de estudos foi reconhecido recentemente e o termo passou a ser utilizado a partir de 1999, pelo Ministério da Educação.

“Educar na era da informação é educar para os meios e linguagens de nosso tempo, e é prioritário ensinar estratégias e habilidades comunicativas, compartilhando instrumentos de navegação autônoma para viagens seguras pelos vastos oceanos de informações e mensagens”.

O educomunicador deve ser responsável por essa nova maneira de pensar a comunicação intimamente atrelada à educação, ele precisa abrir novas rotas para leitura e decodificação das linguagens utilizadas pela mídia. Ele é “o novo profissional que atua ao mesmo tempo no campo da Educação e da Comunicação, motivado pela formação de pessoas críticas, participativas e inseridas em seu meio social”, ele pode, além disso, coordenar e assessorar projetos que visem à formação da competência comunicativa dos cidadãos.
Pensar criticamente é o novo desafio da era da informação. Formar pessoas capazes de interagir com os conteúdos noticiosos produzidos é a nova habilidade que deve ser difundida. A era da informação não pode ser vista apenas como a proliferação de dados e conteúdos impossíveis de serem assimilados. Essa era deve ser marcada pela tentativa de se fazer compreender os meandros, caminhos e descaminhos que a informação atravessa para se fazer presente na vida do cidadão comum, essa é uma maneira de se fazer uma nova comunicação.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Definitivo - Carlos Drummond de Andrade




Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

segunda-feira, 16 de março de 2009

BEYOND BORDERS / AMOR SEM FRONTEIRAS




Ontem sozinha em minha residência, em um domingo daqueles que a preguiça toma conta e a gente deixa mesmo que isso aconteça, afinal é domingo, decidi assistir um romance. Na verdade não sou muito adepta deste gênero, mas entre ele e a programação dominical da TV, fico com o primeiro. Como assistir bons filmes é sempre uma experiência enriquecedora que deve ser compartilhada, deixo através deste post a recomendação para que vocês não percam essa magnífica obra. Vamos ao relato!

SINOPSE: Quando participava de uma comemoração pela obtenção de fundos para assistência a fome, uma socialite (Angelina Jolie) é impactada pela mensagem de um humanista que lhe apresenta uma realidade muito além das taças de champanhe e o seu belo conforto em Londres. Sensibilizada Sarah muda radicalmente sua vida, partindo da Inglaterra para países em conflito com o objetivo de servir a causas humanitárias.
ANO DE LANÇAMENTO: 2003.
TEMPO DE DURAÇÃO: 127 minutos.

Guerras, conflitos, incompreensão, mesquinharia, pequenez humana, amor, compaixão, solidariedade... No filme “Amor sem Fronteira” encontramos todos esses elementos, hora nos despertando nojo da raça humana, hora nos fazendo acreditar que ainda existe esperança.
O filme mostra o conflito étnico entre tutsi (elite) e hutus (agricultores) em Ruanda, que levou a morte 11% da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país, também apresenta a guerra civil no Camboja que ainda hoje faz suas vitimas através das minas e onde um de cada 236 habitantes do país já perdeu ao menos uma perna devido à explosão de mina.
Para termos noção da gravidade do problema o custo de produção de uma mina é de cerca de três dólares, mas para desarmá-la são necessários mil dólares. Devido a esse motivo existem hoje no mundo por volta de 110 milhões de minas, enterradas em 64 países e que ainda matam numa assustadora média mensal de duas mil vítimas por mês.
O terceiro momento do filme nos depara com os conflitos étnicos e separatistas entre os russos e chechenos.
É fundamental dissecarmos no filme suas abordagens a respeito de temáticas como: ações humanitárias, o papel das ONGs em áreas de conflito, o jogo armamentista de interesses particulares, além da análise dos lugares-cenários da História.
Recomendo este filme pela compreensão a respeito da própria História da raça humana e, por favor, não fiquem apenas hipnotizados pela magnífica beleza de Jolie. Fiquei perplexa ao perceber que na maioria dos comentários que encontrei sobre o filme (que trás temáticas dilacerantes), as pessoas detinham-se apenas na beleza e atuação da protagonista.

domingo, 15 de março de 2009

Globalização X Regionalização: Qual o caminho viável?





A comunicação no mundo globalizado é recheada de discursos imediatistas que compreendem somente o espaço do agora. Aparentes, pois são construídos e desconstruídos conforme o interesse de pequenos grupos detentores de poder. Superficiais, já que fingem uma comunicação quando na maioria das vezes o que há é somente repasse de dados e por fim, autoritários quando apresentam a bandeira da verdade inquestionável. A fragmentação das notícias dentro deste paradigma acarreta uma comunicação ainda mais descontextualizada (pois não há interesse de se fazer um apanhado histórico acerca dos fatos, não se deseja compreender o fato/causa/conseqüências) e desterritorializada, onde a reflexão crítica cede lugar a retalhos de informações como forma de pensamento.
Globalizar é misturar, recriar, romper e formar novos padrões de vida, pensamentos e forma de agir, é aproximar o distante e tornar conhecido o mais particular, é perder a identidade privada, para ganhar a capacidade de interação com qualquer pessoa na Terra. Inseridos neste contexto a globalização e a indústria cultural trabalham juntas na configuração da cultura, elas modificam a criação e a forma de se produzir os produtos culturais. A arte passa a ser vista como mercadoria, a cultura local começa a perder as suas características para que possa ser difundida e consumida pela massa, assim os lucros obtidos obedecem a uma escala ascendente.
Diante da globalização como preservar o espaço regional? A via encontrada é o fortalecimento da comunicação tendo por base as singularidades locais. Segundo Octávio Ianni “Sob certos aspectos, a regionalização pode ser uma técnica de preservação de interesses “nacionais” por meio da integração, mas sempre no âmbito da globalização”.
Preservar os interesses nacionais é valorizar a cultura, as raízes, a comunidade, o patrimônio, acarretando integração e conhecimento dessa realidade local, mas também o desejo de resguardar histórias/cultura/patrimônios particulares.
O jornalismo de proximidade neste contexto é detentor das ferramentas para a produção de conteúdos relacionados à preservação e desenvolvimento dessas identidades. O seu papel será promover debates, aguçar discussões, chamar atenção, desenvolver reportagens que tenham por objetivo solucionar problemas, além de resguarda histórias/cultura/patrimônios dessa comunidade. A informação local “pertencente às pessoas, instituições, ambientes geográficos, as tradições e manifestações culturais, as identidades e vocações sociais, econômicas, políticas e culturais de um povo, de uma comunidade, um lugar” é a prioridade para esse tipo de jornalismo e suas atribuições devem ser exercidas.

Bandeira e Seu Humilde Cotidiano


Andorinha
Manuel Bandeira

Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .


Davi Arrigucci Júnior é um dos mais importantes nomes da crítica literária brasileira. Nascido no Estado de São Paulo em 1943, Arrigucci hoje é professor aposentado tendo lecionado Teoria Literária e Literatura Comparada na USP. No ensaio “O humilde cotidiano de Manuel Bandeira”, o crítico descreve as fases do poeta, esclarecendo como sua atitude humilde influenciou suas obras.
Arrigucci apresenta que Bandeira foi se afastando das escolas literárias (Parnasianismo e Simbolismo) conforme sua descoberta de que se revelam emoções também no dia-a-dia, no plano comum, sem que haja necessidade de uma linguagem rebuscada ou de um mote inalcançável. O critico relata de que forma a tuberculose contribuiu para a formação de uma poesia de “circunstâncias e desabafos” (como o próprio poeta intitulou seu trabalho) e apresenta ainda fatos sociais, culturais e biográficos que cercaram a vida de Bandeira e que refletiram em toda a sua obra suas conseqüências. A postura dialética de Arugucci é assumida ao longo de todo o texto. São evidenciados momentos de intensa troca entre a análise, comentário e interpretação.
Mais uma vez Arrigucci faz uso de uma avaliação crítica eficaz, que ajuda o leitor a compreender de forma simples a obra de Bandeira, além de despertar o interesse por descobrir no cotidiano, toda a complexidade que Bandeira o via refletir.