sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ótima Novidade


Hoje tenho uma informação muito legal para compartilhar com vocês. Descobri que a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) lançou, de forma pioneira no Brasil, um portal http://www.ocw.unicamp.br/index.php que disponibiliza conteúdos dos cursos de graduação em formato digital. Por ser muito novo, somente 12 disciplinas estão disponíveis. Textos, fotos, animações, apostilas e vídeos fazem parte do material. Interessante ressaltar que o acesso é gratuito, sem necessidade de inscrição ou qualquer outro contratempo.

Tendo em vista que a Internet está consolidada como ferramenta e que o acesso no Brasil cresce, devido a facilidades como barateamento dos computadores e celulares que dão suporte a essa tecnologia, a possibilidade de centros comunitários de inclusão digital, assim como a utilização de Lan houses que hoje respondem pelo acesso de 32 milhões de pessoas, ou seja, 48% do total de brasileiros que se conectam, percebemos nesta atitude preocupação e interesse em socializar o conhecimento, além de seguir uma tendência mundial já que renomadas instituições de ensino como Harvard, MIT, Yale, Stanford abriram seus cursos a esta forma http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/04/navegue-pelos-sites-das-vinte-melhores-universidades-do-mundo/

Agora é aproveitar o que esse magnífico ciberespaço nos oferece e “cair de boca”, quero dizer, cair de mãos, olhos e ouvidos no estudo.

Este mundo moderno...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O sumiço do gato


Estava eu assistindo Tv, logo que cheguei da academia (estou em uma vidinha saudável ultimamente) e como só ligo esse aparelho para ver programas jornalísticos, dessa vez não foi diferente, assistia ao Bom Dia Brasil, da TV Globo. Aprecio a linguagem espontânea do telejornal, a informalidade nos comentários dos apresentadores, a proximidade com o cotidiano dos telespectadores.

Entre este e aquele assunto, entre a atualização do que acontece no mundo e ao meu redor, entra uma matéria com simplesmente, nada menos nada mais do que o renomado e respeitado jornalista Alexandre Garcia. Vocês devem pensar de imediato em reportagens sobre o cenário político de Brasília, na conjuntura social do país, enfim assuntos de um relevante interesse para a vida de um cidadão. Mas qual não foi a minha perplexidade diante da aberração de noticiar em um dos telejornais de maior audiência do Brasil, o sumiço de um gato do bagageiro de um avião em Brasília.


No papel de jornalista, me questiono sobre o caminho dessa notícia, porque para que a vejamos na tela ela passou por um processo de elaboração. E aí mora a grande pergunta: Qual o critério de seleção desse absurdo? Teóricos da comunicação apontam, de modo geral, que na escolha das notícias os seguintes critérios devem nortear sua divulgação, vejamos: proximidade, impacto, proeminência, consequências, interesse humano, utilidade, política editorial do veiculo de comunicação, repercussão, etc. Embora existam outros crivos de seleção, nenhum deles em minha visão justifica utilizar um espaço disputadíssimo como esse para veicular algo tão frugal.

Como telespectadora e cidadã senti-me lesada, afinal isso não irá de forma alguma acrescentar, modificar, impactar, enfim alterar minha rotina. Tenho plena ciência do sentimento de desconsolo do dano do precioso gatinho, mas faça-me um favor, vá procurar seu gato pra lá e poupe o meu precioso tempo. Confesso sentir raiva por ter gastado mais tempo comentando o sumiço deste gato, todavia era preciso desabafar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E a Visão Permanece

Recentemente e seguindo uma recomendação da minha amiga Taíra, lá da Bahia, assisti o filme nacional De pernas pro ar, dirigido por Roberto Santucci. O elenco conta com nomes como Ingrid Guimarães, Maria Paula, Bruno Garcia, dentre outros.

O papel de Ingrid Guimarães é feito com maestria. A personagem é muito carismática e acredito que toda mulher contemporânea dividida entre casa-filho-esposo-trabalho-carreira-sucesso que assista ao filme irá se identificar automaticamente. A estória é a seguinte: Alice (Ingrid Guimarães), uma executiva de 30 e poucos anos almeja, como qualquer mortal, sucesso em sua carreira profissional. Para tanto, negligencia o seu papel de mãe e esposa, afinal é realmente complicado desempenhar bem tantas funções. Cansado de ser deixado em segundo plano, o esposo (Bruno Garcia) resolve dar um tempo na relação, para complicar um pouquinho mais, ela perde o emprego em uma desastrosa apresentação. Neste momento entra em cena a personagem de Maria Paula, dona de sexy shop, juntas elas conseguem transformar a pequena loja em um grande negócio e Alice percebe que ter prazer também é um importante ingrediente para o sucesso.



Gostei muito da forma bem humorada de discutir as dificuldades do cotidiano da mulher atual, porém o probleminha do filme é que reproduz a condição subserviente imposta pela sociedade a essa mulher que precisa se dividir entre tantos papeis e ainda desempenhar de forma espetacular todos eles. A incompreensão do esposo no tocante ao novo emprego chega a irritar, porque se coloca em xeque a dignidade de uma moderna ocupação que apenas não se enquadra nos padrões da sociedade retrograda e patriarcal que ainda compartilhamos. Não acredito que o filme avance no debate, afinal a vergonha da protagonista, seu sentimento de culpa carregado ao longo do filme e o final da comédia não apontam qualquer ruptura com a representação social do papel feminino impregnado de preconceito. Em minha visão apesar da saída interessante na última cena, acredito que permanece a visão negativa da mulher que embora renuncie em favor da família, sempre consegue o que quer, mesmo que para isso seja necessário enganar e utilizar de forma calculista artifícios, artimanhas e afins.

P.S: Ulisses, você gostou da referência a representação social que eu citei? kkkk. Desculpem, só mesmo ele e eu para entender esse comentário rsrsrsr.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Fase da velha novidade



Esta é uma fase incrível! Estou (re) descobrindo os bons programas de entrevista. Hoje à noite (apesar de estar morrendo de sono, afinal eu acordei às 05h30min da madrugada) assisti Roda Viva, na Tv Cultura. Entre o netbook e a Tv, fui estabelecendo uma zona de atenção mista.
O entrevistado, a celebridade médica brasileira, o Dr. Dráuzio Varella, foi sabatinado por Marília Gabriela (MARAVILHOSA!), parceiros e convidados. Entre assuntos e assuntos, alguns realmente atraíram o meu “olhar entre - mídias”.

1º A Mulher e o Crime

Em sua grande maioria e de forma bastante resumida à aproximação da mulher com o crime ocorre da seguinte forma: Garotas na faixa de 14 anos, criadas em periferia se apaixonam e mantém relações sexuais com seus namorados. Logo em seguida engravidam e passam a conviver com o companheiro, por isso deixam de estudar e trabalhar. Engravidam novamente, com 2, 3 filhos o então “esposo” cansa da rotina e se separa, deixa a criatura com uma penca de filhos para criar. Sem estudo, sem emprego, sem qualificação e muitas vezes sem qualquer ajuda da família, qual o caminho mais fácil e rápido? Tráfico de drogas → Prisão. Para aumentar o drama a realidade dos presídios femininos é de particular crueldade.
Um número consideravelmente menor de visitas as presas são realizadas por suas famílias em relação aos presos masculinos. Isso porque nas palavras de Dráuzio: 1) A vergonha familiar é maior do que se fosse um parente homem. 2) Os companheiros desistem de vê-las mais rapidamente do que a situação em contrário.
Ele relatou o exemplo de uma mulher que visitou seu esposo por 30 anos na prisão. Apesar da reclusão, eles conseguiram compartilhar retalhos de vida.

2º Planejamento Familiar

Nas palavras do Dr. Dráuzio, o maior inimigo do planejamento familiar e do uso da camisinha, continua sendo as instituições religiosas. O discurso contra o preservativo, na minha visão, é inconseqüente e só expõe os fieis a gravidez indesejada e ao risco das doenças sexualmente transmissíveis. Esse quadro piora quando aproximamos as imposições da igreja + pequenas cidades. A vergonha de pegar camisinha nos postos de saúde, levando em consideração as fofocas de uma região provinciana, só trás por consequência Dst’s e filhos indesejados.

3º Literatura e Medicina

Muitos médicos se aproximam da literatura para expurgar suas reflexões sobre a condição humana. Dentre eles podemos citar o francês Rabelais, o americano Oliver Sacks, os brasileiros Guimarães Rosa, Pedro Nava, Moacyr Scliar (um dos autores que estou trabalhando na dissertação, afirmava que: “A literatura pode ajudar os médicos a retornar à tradição humanística da profissão”. Isso é realmente o que eles precisam), por fim o entrevistado o Dr. Dráuzio Varella que dentre outros escreveu: O médico doente, Estação Carandiru, Por um fio (este eu li e recomendo). Perguntado a respeito de sua aproximação ao mundo das letras, Dráuzio afirmou: “Escrevo por uma necessidade, porque me faz feliz escrever. Sendo médico, estou em posição de observação privilegiada das questões humanas. Daqui vejo com profundidade as relações. Como as pessoas pensam, agem e se comportam. Este é um material rico para literatura”.

Assim passei o meu finalzinho de noite. Recomendo esta entrevista, passem no Youtube quem sabe tem o vídeo do programa lá.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

“A PEDRA DO REINO” E OUTRAS PEDRAS



O “Romance d’A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-volta”, de Ariano Suassuna, retrata a personagem Quaderna no sonho de criar um Reino, no qual ele seria o Rei. A obra é rica em conhecimento popular, refrões, provérbios e suas imagens estão presentes no imaginário cultural. Mestre na arte de evocar imagens alegóricas Suassuna, através desse romance, acumula símbolos, seres e ações de diferentes origens no tempo e no espaço, fazendo dessa obra um grande mosaico de representações visuais. O romance foi adaptado para televisão e contou com a participação de Luiz Fernando Carvalho como diretor.

Muitos teóricos consideram a adaptação como uma espécie de tradução. Seguindo esse pensamento “a tradução seria definida como um processo de procura de equivalentes, ou melhor, de procura de um signo em outro sistema semiótico” (conf. DINIZ, 2005, p. 15). Podemos perceber, dentro do limite solicitado de análise, que a tradução do romance na microsérie de nome homônimo, foi extremamente feliz em recriar o mundo cheio de fantasia, sonhos e delírios através da cenografia. Além desse aspecto, podemos apontar como pontos positivos a fotografia da série que consegue expressar as festas, ritos populares, elementos místicos/religiosos de forma adequada e a sonoplastia por sua mágica em trabalhar com instrumentos musicais que também retratam esse universo.

Apesar das características positivas anteriormente citadas, não conseguimos classificar a adaptação como satisfatória. Os problemas que a série apresenta dizem respeito à forma de narrar os fatos dispostos de forma desordenada, longos silêncios, poucos diálogos e sua entediante maneira de dar seguimento a estória. Pela existência desses aspectos negativos, acreditamos que o meio televisivo foi deixado aquém do necessário no tocante aos seus aspectos peculiaridades como agilidade e clareza na mensagem, dinâmica e acima de tudo uma linguagem pertinente ao meio.

Por fim, acreditamos assim como João Batista de Brito (2006), que a chave para tradução não é até que ponto o resultado da adaptação foi diferente ou parecido com o original, traidor e submisso, autônomo ou dependente, mas se ele detém qualidade referente ao meio em que foi transposto. Esse é o grande obstáculo para uma tradução satisfatória e assim como o público no meio do caminho encontrou essa pedra levando a microsérie a baixos índices de audiência, também não conseguimos transpor essa barreira.