Duas paixões indissociáveis: jornalismo e literatura. A primeira levou-me ao curso de Comunicação Social e a segunda à Letras – Habilitação: Língua Inglesa. Ao jornalismo agradeço pela praticidade e a busca da tão famosa “imparcialidade” e à Letras, fico grata pelo aprendizado constante sobre inferências e intencionalidades nos discursos. Balançarei como pêndulo na experiência de mesclar nesse espaço os meus dois entusiasmos. Então é isso. Vamos ao experimento!
terça-feira, 26 de abril de 2011
Fase da velha novidade
Esta é uma fase incrível! Estou (re) descobrindo os bons programas de entrevista. Hoje à noite (apesar de estar morrendo de sono, afinal eu acordei às 05h30min da madrugada) assisti Roda Viva, na Tv Cultura. Entre o netbook e a Tv, fui estabelecendo uma zona de atenção mista.
O entrevistado, a celebridade médica brasileira, o Dr. Dráuzio Varella, foi sabatinado por Marília Gabriela (MARAVILHOSA!), parceiros e convidados. Entre assuntos e assuntos, alguns realmente atraíram o meu “olhar entre - mídias”.
1º A Mulher e o Crime
Em sua grande maioria e de forma bastante resumida à aproximação da mulher com o crime ocorre da seguinte forma: Garotas na faixa de 14 anos, criadas em periferia se apaixonam e mantém relações sexuais com seus namorados. Logo em seguida engravidam e passam a conviver com o companheiro, por isso deixam de estudar e trabalhar. Engravidam novamente, com 2, 3 filhos o então “esposo” cansa da rotina e se separa, deixa a criatura com uma penca de filhos para criar. Sem estudo, sem emprego, sem qualificação e muitas vezes sem qualquer ajuda da família, qual o caminho mais fácil e rápido? Tráfico de drogas → Prisão. Para aumentar o drama a realidade dos presídios femininos é de particular crueldade.
Um número consideravelmente menor de visitas as presas são realizadas por suas famílias em relação aos presos masculinos. Isso porque nas palavras de Dráuzio: 1) A vergonha familiar é maior do que se fosse um parente homem. 2) Os companheiros desistem de vê-las mais rapidamente do que a situação em contrário.
Ele relatou o exemplo de uma mulher que visitou seu esposo por 30 anos na prisão. Apesar da reclusão, eles conseguiram compartilhar retalhos de vida.
2º Planejamento Familiar
Nas palavras do Dr. Dráuzio, o maior inimigo do planejamento familiar e do uso da camisinha, continua sendo as instituições religiosas. O discurso contra o preservativo, na minha visão, é inconseqüente e só expõe os fieis a gravidez indesejada e ao risco das doenças sexualmente transmissíveis. Esse quadro piora quando aproximamos as imposições da igreja + pequenas cidades. A vergonha de pegar camisinha nos postos de saúde, levando em consideração as fofocas de uma região provinciana, só trás por consequência Dst’s e filhos indesejados.
3º Literatura e Medicina
Muitos médicos se aproximam da literatura para expurgar suas reflexões sobre a condição humana. Dentre eles podemos citar o francês Rabelais, o americano Oliver Sacks, os brasileiros Guimarães Rosa, Pedro Nava, Moacyr Scliar (um dos autores que estou trabalhando na dissertação, afirmava que: “A literatura pode ajudar os médicos a retornar à tradição humanística da profissão”. Isso é realmente o que eles precisam), por fim o entrevistado o Dr. Dráuzio Varella que dentre outros escreveu: O médico doente, Estação Carandiru, Por um fio (este eu li e recomendo). Perguntado a respeito de sua aproximação ao mundo das letras, Dráuzio afirmou: “Escrevo por uma necessidade, porque me faz feliz escrever. Sendo médico, estou em posição de observação privilegiada das questões humanas. Daqui vejo com profundidade as relações. Como as pessoas pensam, agem e se comportam. Este é um material rico para literatura”.
Assim passei o meu finalzinho de noite. Recomendo esta entrevista, passem no Youtube quem sabe tem o vídeo do programa lá.
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