sexta-feira, 20 de maio de 2011

A literatura do Impensável - Crítica da Imagem Eurocêntrica


Quero compartilhar com vocês as ideias de um texto que recentemente tive contato e que me fez repensar sobre algumas coisas esquecidas e aprender muitas outras. É somente a introdução do livro “A Literatura do Impensável", de Ella Shohat e Robert Stam, mas só o peso do discurso preliminar nos faz querer devorar o livro em uma sentada.

Os autores apontam que para entendermos as representações nos meios de comunicação e as subjetividades contemporâneas, necessário se faz a consciência do legado debilitante eurocêntrico, ou seja, os traços de dominação estão presentes no nosso ângulo de visão do mundo mesmo sem percebermos e é isso que nos faz produzirmos um sentimento de superioridade nata das culturas e dos povos europeus. O texto deixa claro que “não se trata de um ataque à Europa ou aos europeus, e sim ao eurocentrismo, à tentativa de reduzir a diversidade cultural a apenas uma perspectiva paradigmática que vê a Europa como a origem única dos significados, como centro de gravidade do mundo, como “realidade” ontológica em comparação com a sombra do resto do planeta”.

De forma objetiva e com uma linguagem prazerosa vão se esclarecendo conceitos como colonialismo, imperialismo, racismo emaranhados pelos fios da História. Em rápidas palavras o discurso eurocêntrico é complexo, contraditório, historicamente instável e tem suas bases nas seguintes proposições:

1) A Europa é vista como o “motor” das mudanças históricas progressivas. A história segue uma trajetória linear em uma sequência de impérios.

2) O “Ocidente” progride naturalmente na direção das instituições democráticas (Torquemade, Mussolini e Hitler são aberrações dentro dessa lógica de amnésia histórica e legitimação seletiva).

3) As tradições democráticas não-européias são ignoradas.

4) O colonialismo, o tráfico de escravos e o imperialismo jamais são vistos como resultados fundamentais dos abusos de poder do Ocidente.

5) A produção cultural e material dos “outros” pode ser apropriada e suas conquistas negadas, enquanto o ato de apropriação que marca a antropofagia cultural européia é glorificado.

Pois é, tudo isso como informações apenas da introdução do livro, portanto vale muito à pena conferir. Segue referência bibliográfica: SHOHAT, Ella e STAM, Robert _ Crítica da imagem eurocêntrica._ Multiculturalismo e representação. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

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