quarta-feira, 27 de abril de 2011

E a Visão Permanece

Recentemente e seguindo uma recomendação da minha amiga Taíra, lá da Bahia, assisti o filme nacional De pernas pro ar, dirigido por Roberto Santucci. O elenco conta com nomes como Ingrid Guimarães, Maria Paula, Bruno Garcia, dentre outros.

O papel de Ingrid Guimarães é feito com maestria. A personagem é muito carismática e acredito que toda mulher contemporânea dividida entre casa-filho-esposo-trabalho-carreira-sucesso que assista ao filme irá se identificar automaticamente. A estória é a seguinte: Alice (Ingrid Guimarães), uma executiva de 30 e poucos anos almeja, como qualquer mortal, sucesso em sua carreira profissional. Para tanto, negligencia o seu papel de mãe e esposa, afinal é realmente complicado desempenhar bem tantas funções. Cansado de ser deixado em segundo plano, o esposo (Bruno Garcia) resolve dar um tempo na relação, para complicar um pouquinho mais, ela perde o emprego em uma desastrosa apresentação. Neste momento entra em cena a personagem de Maria Paula, dona de sexy shop, juntas elas conseguem transformar a pequena loja em um grande negócio e Alice percebe que ter prazer também é um importante ingrediente para o sucesso.



Gostei muito da forma bem humorada de discutir as dificuldades do cotidiano da mulher atual, porém o probleminha do filme é que reproduz a condição subserviente imposta pela sociedade a essa mulher que precisa se dividir entre tantos papeis e ainda desempenhar de forma espetacular todos eles. A incompreensão do esposo no tocante ao novo emprego chega a irritar, porque se coloca em xeque a dignidade de uma moderna ocupação que apenas não se enquadra nos padrões da sociedade retrograda e patriarcal que ainda compartilhamos. Não acredito que o filme avance no debate, afinal a vergonha da protagonista, seu sentimento de culpa carregado ao longo do filme e o final da comédia não apontam qualquer ruptura com a representação social do papel feminino impregnado de preconceito. Em minha visão apesar da saída interessante na última cena, acredito que permanece a visão negativa da mulher que embora renuncie em favor da família, sempre consegue o que quer, mesmo que para isso seja necessário enganar e utilizar de forma calculista artifícios, artimanhas e afins.

P.S: Ulisses, você gostou da referência a representação social que eu citei? kkkk. Desculpem, só mesmo ele e eu para entender esse comentário rsrsrsr.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente com vc sobre o filme. Para uma obra de entretenimento ele cumpre seu papel, mas como vc mesma observou, não avança muito em debates nem em rupturas de estereótipos, tal qual analisamos em "Ma educação", de Almodóvar (muitos risos). As representações sociais aqui abordadas refletem fielmente nosso foco de estudo de tanto tempo e posso então concluir: "cafuçu do sertão baiano, essa história de representação social nos persegue hein??? kkkkk". Bjos.

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  2. bom Aline se só vc Ulisses entendem tal comentário, ele não precisa ser público, concorda ou sem corda?? kkkk
    bjaum

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  3. Sem corda Monike, esta é uma forma de aproximação com os meus leitores kkk e outra, você deve ter ficado se mordendo para saber o significado disso kkkk Bj

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