domingo, 24 de maio de 2009

Sobre Sonhos


Poucas certezas são dadas em relação ao fenômeno dos sonhos, apesar do encontro com ele ser efetuado a cada vez que dormimos (mesmo que você não se lembre deles). Na antiguidade eram vistos como mensagens divinas e poderiam indicar a cura para doenças. Para Aristóteles, pensador que viveu no século IV a.C, o sonho não passava da manifestação da mente, para a época esse era um posicionamento incomum.
Somente do século XIX ver os sonhos como interpretação do sobrenatural começou a ser refutado. Nesse período surgem figuras como Darwin afirmando que os animais também sonham (A origem das Espécies, 18590), a psicóloga americana Mary Calkins com a descoberta de que a maioria dos sonhos acontece na segunda metade do sono e 89% dos relatos colhidos tinham relação direta com os eventos do dia anterior (Estatísticas dos Sonhos, 1893), porém o rompimento só foi consolidado com Sigmund Freud, em sua obra A interpretação dos Sonhos, 1900. Freud percebia os sonhos como uma válvula de escape da realidade que cerca as pessoas, atribuindo a eles um caráter simbólico formado pelo processo de condensação e deslocamento, que servem para distorcer o desejo reprimido e driblar nossa censura.
A fim de versarmos sobre o mundo dos sonhos e suas tantas lacunas, conversamos com o psicólogo, Gilvan Melo, que trabalha com a psicologia escolar e clínica, abordando fundamentalmente a Logoterapia, ou seja, um sistema teórico criado pelo psiquiatra Viktor Frankl onde a busca de sentido na vida é a principal razão da existência humana.
Perguntado sobre o que significa o processo onírico, Gilvan citou dois pesquisadores. Para Viktor Frankl o sonho pode indicar caminhos para esse encontro com o sentido da vida de cada indivíduo e para Carl Gustav Jung, um discípulo de Freud que deixou seus ensinamentos e criou sua própria teoria, o sonho é um mecanismo compensatório da psique onde a realização de desejos reprimidos é apenas um aspecto dessa compensação.
Segundo Gilvan ao dormimos passamos por cinco fases distintas, das quais variamos entre sono leve, médio e profundo. Foi em relação a essas fases que em 1953, Nathaniel Kleitman e seu aluno Eugene Aserinsky, revolucionaram o mundo dos sonhos ao descobrirem que durante essas várias etapas do sono, nós mexemos os olhos como se estivéssemos acordados. Esse processo é batizado como o sono REM, sigla inglesa que significa “movimento rápido dos olhos”.
Gilvan citou ainda que a sensação de controle do sonho é possível psicologicamente, pois nesse processo ocorre uma manobra do consciente sobre as imagens dominadas pelo inconsciente, o chamado sonho lúcido. Quanto à curiosidade sobre o processo onírico dos cegos, Gilvan afirma que por não possuírem as referências visuais, os cegos recheiam seus sonhos dos outros sentidos e assim podem formar imagens mentais relativas ao espaço. Já quem nasce com a visão e a perde por alguma razão pode ter sonhos com imagens durante a vida toda.

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